quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A trajetória de thereza Santo: comunismo, raça e gênero durante o regime militar

O teatro era a forma artística que ela conhecia com profundidade. Intérprete, a Thereza que chega a São Paulo fugida da perseguição da polícia política já vislumbrava investir na carreira profissional de atriz. Ela fora formada por duas vertentes teatrais avizinhadas, porém concorrentes. Eram, pois, duas propostas artísticas bastante vigorosas no Rio de Janeiro. De um lado, uma passagem longa pelo Centro Popular de Cultura (CPC), na União Nacional dos Estudantes, a UNE; de outro, uma participação curta e impactante no Teatro Experimental do Negro, o TEN. Thereza ingressou na Juventude Comunista aos quinze anos de idade; já tinha, portanto, desde sua formação secundarista, vínculos fortes com a militância política e com os meios artísticos do PCB. Mas foi quando ingressou no ensino superior, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, contrariando sua mãe, que desejava ver a filha médica, que Thereza se envolveria mais profundamente com o teatro. Na universidade, os veteranos eram seus velhos conhecidos da órbita do partidão. No núcleo artístico do CPC, Thereza se envolveu com o teatro engajado, de rua, que atingia grande concentração de trabalhadores:

Os palcos eram os terminais de ônibus ou a Central do Brasil na hora do rush. Os cenários eram caixotes de frutas e legumes que carregávamos. Muitas vezes a polícia chegava e baixava o pau, armava um corredor polonês e não tinha como escapar sem algumas cacetadas. Tudo pela revolução sonhada!

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